Pela Albânia, Mulheres 'viram' Homens |
Posted: February 22, 2020 |
Everybody Hates Chris (terceira Temporada)A gaúcha Magali passara os últimos cinco dos seus 30 anos rezando pela mesma cartilha. No início da manhã daquele 12 de maio, ela se espreguiça ao acordar sobre um colchonete roto. Sobrevivera a mais uma madrugada dividindo uma das tantas calçadas que lhe serviram de leito nos últimos tempos. A turma maltrapilha começa a se dispersar. Entre sonolenta e arredia, Magali vai, aos poucos, entrando no papo. Fecho o bloco de notas e estendo a mão: "Meu nome é Eliane Trindade. Sou jornalista e serviço para um jornal chamado Folha de São Paulo". Ela devolve a bola na mesma toada: "Eu me chamo Edna Magali, prontamente me esqueci quem eu sou e faz um tempão que trabalho para o crack". Risos e um comprido aperto de mão. Estava selada, com toques de ironia e humor, uma empatia que fez da Gaúcha, como Magali é mais conhecida pelos colegas de "trampo", personagem desta crônica. Pergunto se ela me concede uma entrevista. Marca pra depois do banho e do café da manhã. Faz fila, perto com outros usuários de crack, à porta da Cristolândia, tarefa da igreja Batista que atua na área. Retorna 45 minutos depois e se esparrama no colchonete. Cruza as pernas e monopoliza a conversa. Leva um lero com "noias" que também filaram o "rango dos crentes". Magali fica mais tempo conversando com Alemão, um dos "radicais", como são chamadas os ex-usuários que viraram missionários e tentam convencer a galera a trocar crack por Cristo. Ela lavou os cabelos tingidos de louro e trocou de roupa -pegou uma muda nova pela montanha de peças doadas pelos evangélicos. Jogou os trapos sujos que usava "não imagino há quantos dias" no lixo. Revigorada pelo banho quente e pela cafeína, participa do culto. É quase meio-dia quando nos sentamos no boteco da esquina da via Barão de Piracicaba, no centro de São Paulo. Magali pede dinheiro pra dar entrevista. Explico que nem eu nem ao menos o jornal pagaríamos para ter o teu depoimento. Dez de um produtor de tevê. Ofereço coxinha e Coca-Cola, o mesmo que eu e o fotógrafo Apu Gomes, escalado para me seguir naquela reportagem, comemos na hora do almoço. Uma Discussão Com Suzana Nascimento, Estrela Do Monólogo Calango Deu! o estômago forrado e convencida de que não iria conquistar levar uma graninha da dupla, ela relaxa e desfia sua trajetória.
Pele e osso, exibe diversas cicatrizes espalhadas por uma silhueta de "padrão anoréxica". Quem Deve Do 'Procedimento Do Respeito' Pra Conquistar Um Homem? passarela são as ruas do centro até assim território livre para consumo e venda da "filha pobre e maldita" da cocaína. Duas noites antes, ela conta ter rastejado por grãos de crack de péssima qualidade. Magra, Sexy, Popular E à Pesquisa De Um Marido Rico destila um vocabulário rico, de quem concluiu o Ensino Médio em uma bacana instituição. Filha de uma família de categoria média baixa, ela evita falar da vida pré-cracolândia. Naqueles dias, ganhava o noticiário a chegada do óxi, um crack batizado, logo apontado pela polícia e especialistas como mais letal e viciante. Magali constata pela carne outros malefícios não propalados: "Sai pereba com finalidade de todo lado. Este crack de merda vai comendo a pele. É pra matar mesmo. Com este óxi, a cracolândia vai virar 'perebolândia'", profetiza. Ela mostra feridas novas e novas cicatrizadas. Marcas percebíveis dos efeitos devastadores do crack no organismo e pela vida. Como Ajeitar Um Marido Rico , limita-se a avisar a idade deles: 11, nove e seis anos. Sempre que faz um rápido inventário de perdas, vai contando as perebas nas pernas e no braço. Pula uma cicatriz enorme na barriga, grossa e mal costurada.
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